O Instante

Você chega de mansinho e atrevido de repente e sorrateiramente, e eu aqui, sem saber, surpreendo-me com sua coragem em falar-me de paixão. E você pergunta:
-A paixão por mim desapareceu?
E eu aqui desmorono, tremo, sonho, desejo, inquieto-me e calmamente respondo:
-O que você acha?
Mas por dentro, nesse mesmo instante me entrego a ti sem medo, cheia de fantasias e imagino: Se tu viesses ver-me hoje à noitinha, me encheria de alegria, eu me tornaria uma Deusa enlouquecida, sentindo seus olhos fitando os meus, sua boca sugando a minha, sua pele na minha, seu cheiro no meu.
Nessa hora, não seria nada, somente corpo, boca, pele, seios, pêlos, língua...
E as tuas mãos como um brinquedo passeariam por todo meu corpo, não revelando meus segredos, mas desvendando pudores.
Então nos tornaríamos um ao mesmo tempo em que a escuridão da noite explode em festa.
A noite amanheceria sem versos, somente com a música da sua respiração ofegante e satisfeita e aí sim o sol brotaria de dentro de mim.
E em breves segundos, por alguns instantes esqueceria do sofrimento de não ter-te aqui. E nesse instante eu fui feliz.
Mas, na realidade: Está bem, até breve, beijos...
Eu te espero.

Cíntia Gonçalves dos Prazeres